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R:Em termos do farmacêutico, não. Como as que têm mais filiais são grandes redes, normalmente trabalham estritamente na lei. Encontrávamos muitas irregularidades nas farmácias menores, com apenas uma ou duas filiais, em interiores. Agora, o próprio conselho está fiscalizando as farmácias dos interiores com mais frequência. Antigamente, tudo era muito restrito à capital, mas já que agora está se estendendo muito. As grandes redes tendem a trabalhar corretamente. Não pela empresa que tem esse cuidado, pois sem fiscalização tudo fica a bel prazer. 
Farmácias de grandes nomes e grandes redes não vão querer o nome sujo por conta da falta de um farmacêutico para atender. Com isso, nós contamos com campanhas de valorização que mostrem a importância do farmacêutico na farmácia está sendo uma cultura que pega bastante a população. Hoje, a população já procura o farmacêutico na farmácia, entende a importância do farmacêutico dentro da farmácia, para tirar dúvidas, fazer uma assistência farmacêutica plena para o paciente
Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Ceará - André Nunes
P:O crescimento de filiais de farmácias em Fortaleza, tem aumentado essas irregularidades?
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P:Há algum registro de irregularidades no tratamento do farmacêutico? Se sim, Quais?
R: Não foram registrados. Às vezes, acontece algum desentendimento, que é encaminhado para o nosso jurídico. Já foram registrados horários excessivos de trabalho ou plantões que, às vezes, tentam ser impostos e ainda não foram regularizados. São questões que sempre têm surgido. O que acontece agora, normalmente, e que tem causado um pouco de rebuliço na classe é a crise. Já houve o fechamento de algumas empresas e atualmente está acontecendo um problema de recuperação judicial. 
Farmácias que quebraram, saíram do mercado. Elas apresentavam problemas judiciais. Nós, do Sinfarce, entendemos a questão da empresa, mas isso não dá o aval para ela não respeitar o farmacêutico, o seu funcionário. Ele trabalhou, dedicou tempo da sua vida e da sua força de trabalho. Então assim, a gente tem entrado em contato com os farmacêuticos que estão nessa situação. Temos lançado notas para que esses profissionais procurem o sindicato para defendê-los e para que possam tirar dúvidas sobre a conscientização do trabalhador, pois é importante. Porque em períodos de crise, o trabalhador tende a ser muito flexível com o seu trabalho, pelo medo de perdê-lo. Esse tipo de flexibilização atrapalha todo o resto da classe que, fica fragilizada, e prejudica as condições de trabalho da profissão. Então, nós temos tentado fazer essa consciência nos trabalhadores. que eles têm seus direitos e a justiça está aí para isso.
P:Pesquisas do início do ano mostram que a cidade de Fortaleza é uma das cidades que menos consomem remédios. E foi falado que o trabalho dos farmacêuticos está sendo cada vez mais valorizado. Como é essa diferença?
R:Esse ponto é bastante interessante, porque nem sempre o medicamento que você está usando é útil para você naquele momento. Trabalhamos bastante com o uso racional de medicamentos. O profissional de farmácia existe justamente para entender que o paciente precisa de uma orientação, seja ela através de fármacos, pela indicação de outro profissional ou para apontar que um certo medicamento não é indicado. Isso é o que vai diferenciar, muitas vezes, o balconista do farmacêutico. Ele está lá não para empurrar medicamento, mas para indicar qual é o melhor, ou orientar atitudes incorretas em relação ao seu uso. Você percebe que várias pessoas compram remédio todos os dias para dor de estômago, por exemplo. E o profissional, nesse momento, chega e orienta o cliente.
Essa é a importância de um profissional formado em farmácia. Muitas vezes, ele não aumenta o consumo de medicamentos, ele ajuda a fazer essa racionalização do uso. É muito comum uma pessoa tomar medicamentos para dores constantes, mas não vai ao médico, não procura uma fisioterapia ou outro profissional que vai agir muito melhor do que tomar um fármaco que pode inibir aquele sintoma. Isso não é estar tratando.
Há dez anos existiam farmácias que vinham com “o dia de sexta-feira é para o farmacêutico limpar o banheiro” e alguns profissionais se sujeitavam a essas condições. Mas ele não passou cinco anos na faculdade para lavar banheiro, mas sim para atender pacientes. As empresas também queriam colocar os farmacêuticos com cota de venda. Se a gente aprende que existe um uso racional da medicação, como eu posso ter uma meta de venda? Seria um tipo de trabalho totalmente diferente.
P: Na sua visão de mercado, existe uma quantidade maior de profissionais em fortaleza atualmente?
Nesse processo da valorização nos últimos quinze anos, a gente tinha, até certo ponto, uma reserva de mercado. Com o aumento dos números de faculdades de farmácia que surgiram, e com a crise que está surgindo agora, hoje em dia a gente está com um processo que seria começar a pegar o reverso. Já temos uma quantidade de farmacêuticos e não há mais tantas farmácias para comportá-los. E estamos passando por um período de transição, mas a gente tem que manter isso na mente do farmacêutico.
Pergunta: Qual é o piso salarial de um farmacêutico, aqui no Ceará?
R:É variado. O salário depende também do empregador, porque, como a gente trabalha via convenção coletiva, hoje, no Ceará, a gente tem três convenções fechadas. O SINCOFARMA, que é o Sindicato do Comércio Varejista. Tem o Sindsec, o sindicato dos hospitais e laboratórios particulares e temos também o SINDF, que são as filantrópicas, como no caso da Santa Casa . O piso salarial do SINCOFARMA, para uma jornada de 44h, por exemplo, está de R$4.014,21.
Pergunta: Qual é o piso salarial de um farmacêutico, aqui no Ceará?
R:É variado. O salário depende também do empregador, porque, como a gente trabalha via convenção coletiva, hoje, no Ceará, a gente tem três convenções fechadas. O SINCOFARMA, que é o Sindicato do Comércio Varejista. Tem o Sindsec, o sindicato dos hospitais e laboratórios particulares e temos também o SINDF, que são as filantrópicas, como no caso da Santa Casa . O piso salarial do SINCOFARMA, para uma jornada de 44h, por exemplo, está de R$4.014,21.
Pergunta: Qual é o piso salarial de um farmacêutico no Ceará?
R:Não. Pela quantidade exercida, ainda não. Até porque, se você comparar com a remuneração de um médico, as profissões da área da saúde não tem uma valorização semelhante a dos médicos. Eu acredito na multidisciplinaridade, cada um tem o seu papel, mas todos fazem parte de um corpo e têm importância semelhante. As remunerações também deveriam ser semelhantes. É lógico que quem tem um pouco mais de responsabilidade tem direito a uma gratificação maior, mas não tão grande. E ainda há outras coisas que poderiam ser debatidas como, por exemplo, não existe, pelo menos em farmácia comercial, a questão da salubridade. E uma pessoa pode perguntar ‘é um local insalubre?’. Claro que é. Você está no balcão, a pessoa vem para ser atendido e você tem contato com qualquer tipo de doença que tem lá. O salário de um farmacêutico é um salário que, para a grande maioria, pode parecer alto mas, para o trabalho exercido, não é. Principalmente se for comparado o lucro que a farmácia tem, em relação ao pagamento que ela faz ao seu funcionário. Mas a gente tem trabalhado nos últimos anos e tem conseguido uma valorização do farmacêutico.
Pergunta: Com o surgimento das farmácias, você vê isso como uma oportunidade que possa influenciar no número de pessoas que estão em busca do curso de farmácia?
R:Claro. Inclusive, muito dos estudantes de farmácia são balconistas. São pessoas que entendem que é importante se especializar. É importante, também, o papel das instituições, de ensinar e mostrar aos estudantes, principalmente aos que são balconistas, a importância da ética, por conta da cultura que eles têm de empurrar medicação. Essas instituições têm o trabalho dobrado de desmistificar isso e mostram que não é interessante fazer esse trabalho de empurrar medicamentos. Pela minha experiência, eu já vi muitos farmacêuticos que saíram da faculdade como excelentes profissionais. E é interessante o aumento de farmácias, porque isso traz a valorização. Quanto mais gente procura, quer dizer que a profissão é valorizada.
 
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